Materia feita por:
Diego Soares/Tangará da Serra-MT
Reporte do O Jornal
Certo dia, ao caminhar, pelo centro da cidade, fui abordado por uma criança, que me pedia dinheiro para lanchar; Perguntei a ele: Quantos anos você tem? – respondeu-me: não sei!. Você estuda?- Não!. Qual o seu endereço? – aqui!. Olhei para um lado e para outro, vi somente lojas bonitas, pensei: Será que ele é filho de algum empresário? Ou ladrãozinho?... tentando saber mais um pouco sobre sua vida ... Ao virar para ele, não o encontrei. Falei só comigo: Há moleque, me fez de boba, deve ser mais um desses rua, e nada de filhinho de papai.
Era um dia estressante, eu estava super cansada, haviam se passado três horas do almoço, eu tinha que resolver uma série de coisas, e por sinal, teria que fazer depósitos, pagar contas, ir ao supermercado, visitar clientes, comprar presentes, afinal, estávamos próximo do natal.
Continuei o trajeto. Na esquina seguinte fui abordada por uma senhora, que me fazia o mesmo pedido: olhei para ela, e perguntei?. E por incrível que pareça Ela respondeu a mesma coisa que o garoto. Imaginei logo... dever ser é mãe daquele garoto, e estão programados para falar a mesma coisa. Sem olhar para o lado, ela pode sumir. Nesse dia de tantos compromissos, por estar mal humorada, talvez em decorrência do cansaço e da fome, eu iria, ajudá-la só para me ver livre da situação, o mais rápido possível. Baixei a cabeça, para tirar o dinheiro; mas ela, num piscar de olhos, também havia sumido. Fiquei desconcertada, pois eu estava na porta do banco, e tinham muitas pessoas me olhando, todos com cara de espanto, e pareciam estar nervosos. Foi quado um rapaz, bonito, bem vestido, cheiroso, perguntou-me com uma voz autoritária: A senhora está procurando alguém? Respondi: Não... Fui caminhando, em direção a porta de entrada do banco, mas infelizmente, não pude entrar, estava fechada, questionei com o segurança... estava atrasada somente dois minutos. O segurança falou: madame, vá embora, e volte depois, que eu deixo a senhora entrar. Concordei, fui embora. Entrei numa loja e, ao pisar fora da loja, um velhinho que estava sentado na calçada, apenas me olhou!... Passei por ele, fazendo de conta que não tinha visto, entrei no meu carro, fechei a porta, não baixei os vidros, não comprei nenhum presente, pois as lojas já estavam fechadas, a caminho de casa; reclamava o tempo todo, espragueijava o garoto, que me fez de besta, a senhora, que atrapalhou minha entrada no banco.
Neste momento, atravessei uma preferencial, bati num carro, capotei. Acordei num hospital, estava cheia de aparelhos, meu rosto parecia imenso, minha cabeça doía muito, eu não conseguia mexer minhas pernas, os braços estavam amarrados. No momento eu só pensava na minha bolsa que estava cheia de dinheiro, era o meu salário. Em momento algum lembrei de agradecer a Deus por está viva. Somente em pedir minha recuperação rápida, pois eu queria ver minha família, meus filhos, voltar ao trabalho, e procurar minha bendita bolsa. As lágrimas escorriam no meu rosto, e eu não conseguia enxugá-las, comecei brigar com Deus, apenas em pensamento, e perguntei-lhe: Senhor, porque me abandonaste?... sou tão nova, tenho família, meu trabalho, minha casa, não consigo nem limpar meu rosto!... Foi quando, apareceu um enfermeiro vestido a caráter, pôs as mãos no meu rosto limpando minhas lágrimas, e disse: Eu nunca te abandonei!... Sempre estive contigo!... “ Perguntei em pensamento: quem será este rapaz?. Respondeu-me em voz alta: sou aquele garoto, que te atrasou, também aquela senhora que estava na porta do banco, e o segurança, que impediu sua entrada, pois dentro, estava acontecendo um assalto, o rapaz cheiroso, bem vestido era um assaltante e estava armado, eu era também aquele homem da porta da loja, mas você, não me deu atenção, se tivesse parado com ele não terias te acidentado, mas como você lembrou que eu existo, e tua família e amigos estão lá fora rezando por ti, estou aqui para dizer que te amo.
Quando acordei, estava na minha cama, com o dia já clareando. Fui até o jardim de minha casa e orei.
Autora: Maria José Prego.
Por uma questão de ordem os mais espertos ou privilegiados sempre levam a melhor. A própria palavra ordem nos conduz a pensar em disciplina, hierarquia e tudo o que se possa imaginar sobre dominação.
Quando alguém, adulto ou “mais importante”, está falando crianças deve esperar sua vez de dizer suas “bobagens”.
E nessa esperar muitos inocentes perderem preciosas oportunidades de demonstrar suas novas experiências infantis em meio ao imensurável mundo civilizado dos “sabichões” adultos.
Durante os poucos momentos da presença dos meus pais em casa de volta do trabalho em que eu tentava interromper uma conversa “seria” ou leitura, também muito séria, por várias vezes ouvi deles:
- Aprenda saber a hora certa de contar ou perguntar alguma coisa; e uma questão de ordem meu filho, no momento não posso lhe dar atenção. Ou – Eu já estou em cima da hora, depois você me fala, preciso trabalhar pra dar o necessário.(sem tempo de perceber o meu desanimo).
Pra dizer a verdade, eu nunca saberia a que droga de ordem eu deveria obedecer nem a hora certa para me pronunciar. Muitas coisas acabavam esquecendo. Apenas olhavam o meu “dever de casa”.
E num desses dias em que todos se calam em frente à TV (família toda ali), numa cena de julgamento de um acusado, um advogado (de defesa ou de acusação, sei lá...) disse a bendita frase:
- Por uma questão de ordem, meritíssimo.
Não me contive e indaguei sobre a intervenção do tal cidadão.
- Meu filho, no entendimento do advogado o assunto em questão está sendo desviado e o seu cliente por isso seria prejudicado.
Agora fique quieto e não nos atrapalhe.
A cena me chamou atenção porque o juiz deu chance pro advogado falar. E logo juiz com capa preta, martelinho e tudo! Foi quando tive a brilhante idéia de introduzir minhas colocações com a “questão de ordem”, o que só serviu para gozarem de mim.
Por acaso, ouvi conversa de minha mãe com minha irmã. Entrei de súbito para lhe mostrar um lindo desenho feito por mim. Nem perceberam minha chegada de tão concentradas em cima de tantos livros era uma pesquisa escolar.
- Por uma questão de ordem, mãe...
Ela pegou o papel da minha mão, deu uma olhadinha...
- Está lindo, foi você quem fez?
Já está na hora de você dormir, fofura da mamãe. Vá para sua cama. E por questão de ordem, dei-lhe um beijo de boa noite e fui dormir.
Dorinha Prego
Macapá - AP.
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