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Além da Floresta Amazônica no quintal de Macapá, passava às margens da cidade 15% da água doce do planeta que deságua dos continentes para o oceano, espalhando-se por até 320 Km da costa, podendo chegar até o Caribe nos períodos mais chuvosos. O Rio Amazonas tem mais água do que a soma do volume de água dos Rios Mississipi, Nilo e Yangtzé. A largura do rio na foz pode atingir 240 Km, mais da metade da distância entre Rio e São Paulo. Enfim, um ecossistema de uma magnitude difícil de descrever. E no entanto, na época os cursos de graduação da UNIFAP eram os de sempre: Direito, Enfermagem, Educação Artística, Matemática, Letras e por aí afora. Não havia por exemplo cursos de Medicina Tropical, Biologia (hoje tem) ou qualquer ciência dedicada às águas estuarinas e da bacia amazônica ao redor. Cursos como Engenharia de Pesca e Oceanografia não faziam e ainda não fazem parte do currículo universitário na região. Portanto, apesar das boas intenções do reitor, a vocação regional daquela Universidade, como na maioria das universidades brasileiras, estava e continua sendo mais uma vez esquecida. Diluída nas águas do rio.
A primeira orientação para o bem intencionado reitor foi mudar o nome do futuro instituto para algo como "Centro de Pesquisas…bla, bla, bla…… do Estuário do Rio Amazonas". Dissemos a ele: "Senhor Reitor, quase que o mundo inteiro já ouviu a palavra Amazonas pelo menos uma vez na vida. Mas poucas pessoas sabem o que significa Amapá". Nós o convencemos de que o uso do nome Amazonas seria estratégico para conseguir fundos nacionais e internacionais para a construção e manutenção do Instituto (que até planta arquitetônica já tinha).

Cientistas do mundo todo sonham em estudar um sistema tão complexo, dinâmico e vasto como a mistura das águas do Amazonas com o Oceano Atlântico. Não se sabe quase nada sobre o tema, a não ser pelos resultados da expedição americana "AMASEDS" publicados em revistas científicas especializadas e algumas dissertações acadêmicas com apoio dos navios da marinha. O fato é que o tal Instituto nunca saiu do papel. A planta que o reitor nos mostrou deve estar enrolada dentro de um canudo qualquer, e a foz do rio Amazonas continua a ser uma das regiões costeiras menos conhecidas do Brasil.

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