Em Minas eles conheceram a unidade da Embrapa Gado de Leite, mantida pelo Ministério da Agricultura. Tiveram contato, por exemplo, com o sistema de criação de bezerros em abrigos individuais chamou a atenção dos produtores, que se baseia na utilização de abrigos onde os bezerros são forçados a substituir o leite pela ração (suplemento alimentar). Em média deixam de mamar por volta de 70 dias, o que significa redução do custo de produção da novilha e mais renda de leite.
Outro projeto já testado com sucesso é o sistema silvipastoril – resultado de uma pesquisa que durou 12 anos. Pelo sistema o pasto (braquiária) é produzido em meio a árvores (eucalipto, acácia ou coco). O sistema provou que as árvores não atrapalham o crescimento do pasto desde que o sombreamento não seja superior a 30%. Seguida a regra, o produtor agrega valor pela produção de madeira ou frutos.
O sistema de lotação rotacionada, que divide a área em 25 piquetes com permanência de 1 dia em cada e período de descanso do pasto de 24 dias, aumentando a taxa de lotação de duas cabeças por hectare para 10 cabeças. O estudo também demonstrou que a produção também melhora com a utilização de suplementação alimentar com concentrados. Os produtores também conheceram uma pesquisa que avalia o controle do carrapato através da utilização de uréia na pastagem.
A comitiva de produtores também conheceu em Guaxupé a Fazenda Bela Vista. Reconhecida nacionalmente por ser o mais avançado centro de produção de leite do tipo A do País, a Fazenda é exemplo de gestão de negócios, gestão de pessoas, responsabilidade ambiental e responsabilidade social. Na fazenda os tangaraenses foram apresentados aos sistemas de alimentação, confinamento, ordenha, laboratório de transferência de embriões e fertilização, compostagem e projetos ambientais. Com 5 mil animais criados em confinamento e 3 mil em lactação a fazenda chega a produzir 80 mil litros de leite por dia. A produção é verticalizada e na própria fazenda é produzida a alimentação dos animais, as vacas são ordenhadas mecanicamente, sem contato manual e o leite segue por leiteduto até o laticínio onde é industrializado e embalado para o comércio.
Outro exemplo da Fazenda Bela Vista é o sistema de tratamento de água que permite o reaproveitamento de 80% da água consumida diariamente na limpeza dos pisos dos galpões. Após passar por tanques de decantação os resíduos sólidos vão para a compostagem orgânica e a parte líquida é reutilizada para nova lavagem e o excedente, recebe tratamento anaeróbico e é empregado na ferti-irrigação. Mais uma medida ecologicamente correta é a produção própria das embalagens dos produtos. O material utilizado na confecção é 100% reciclável, e parte é reciclada na própria empresa.
Câmara Municipal esteve representada na Missão
O vereador Haroldo Lima elogiou a iniciativa do prefeito Júlio César Ladeia e do secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento Weliton Duarte de trazer os produtores de leite de Tangará da Serra para conhecerem projetos de sucesso no Estado de Minas Gerais. O parlamentar representou a Câmara Municipal na comitiva.
“O que ficou claro para nós é que o ponto alto é o melhoramento genético, mas que antes o produtor tem que fazer investimentos na qualidade do alimento do gado. O leite entra pela boca e essa foi uma lição muito grande, porque melhoramento genético sem alimento de qualidade é desperdício. Nós vimos as experiências e todas mostram que a preocupação com a alimentação é essencial”, afirmou.
O vereador elogiou a iniciativa do prefeito Júlio César em buscar o desenvolvimento da bacia leiteira de Tangará da Serra. Para ele, vivenciar com os próprios olhos os erros e acertos realizados pelos produtores mineiros e saber que hoje eles alcançaram sucesso, torna mais didático o aprendizado aos tangaraenses e poupa recursos que poderiam ser investidos em projetos que já provaram serem ineficazes. Haroldo também ressaltou a seleção realizada pela Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“Os locais visitados foram selecionados a dedo. Todas as visitas seguiram um roteiro que mostrou aquilo que deve ser feito, aquilo que não deve ser feito, mostrou na teoria e depois na prática. Foi uma missão muito proveitosa e acredito que terá resultados significativos para os produtores que vieram e para os que não vieram, porque receberão estas informações através dos multiplicadores de opinião”, concluiu Lima.
Uma fazenda exemplo!
Numa área de apenas 35 hectares o produtor Fabiano Rodrigues Lopes produz com 46 animais em lactação uma média de 874 litros de leite por dia. O sucesso é alcançado com a utilização prática de informações que já foram conhecidas pela missão tangaraense na visita a unidade de pesquisa da Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco, na última quarta-feira.
O sistema utilizado na Fazenda Mato Preto é o de piquete de lotação rotacionada. São 31 piquetes com permanência de 24 horas e descanso de 30 dias para cada piquete. Além da alta qualidade do pasto, o gado recebe complemento alimentar (ração). E a reprodução é feita através de inseminação e transferência de embriões.
“Tudo isso numa propriedade que se assemelha muito as condições das propriedades da maioria dos produtores de leite de Tangará da Serra. Então é uma experiência proveitosa porque a gente vê na prático aquilo que a gente já tinha conhecido na Embrapa, mas na forma de pesquisa, e aqui está demonstrado que está dando certo e gerando lucro e renda”, afirmou o secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento Weliton Duarte.
O melhoramento genético é realizado através do cruzamento das raças Gir e Holandês. O resultado é um animal meio sangue de alta produtividade e adaptado ao calor. “Nós hoje participamos de 5 a 6 exposições por ano, temos uma produtividade leiteira muito forte e tudo isso num sistema que pode ser repetido lá em Mato Grosso”, afirma o proprietário Fabiano Lopes.
Ladeia diz que experiências serão aproveitadas em Tangará da Serra
Para o prefeito Júlio César Ladeia, idealizador da missão a Minas Gerais, a visita demonstrou aos produtores o que é possível de se fazer com planejamento e conhecimento. Ele ressaltou a experiência com a inseminação artificial e transferência de embriões. Outro ponto destacado é o investimento na qualidade de vida do gado leiteiro, além do cuidado com a nutrição dos animais para aumentar a produção de leite.
Ao avaliar positivamente o resultado da visita Júlio César anunciou que a Prefeitura irá investir na aquisição de touros para o melhoramento genético da bacia leiteira de Tangará da Serra. Além disso, a Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento irá reunir os produtores de leite para apresentar os sistemas já utilizados com sucesso pelos produtores mineiros. As reuniões devem começar em fevereiro de 2010.
“Vamos reunir os produtores por setor, apresentar as informações e os produtores que participaram da Missão a Minas estarão presentes e ajudarão a convencer nossos produtores de que, se quisermos aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e o rendimento, as mudanças são necessárias e o caminho é este”, afirmou Ladeia.
A maior parte das mudanças não está relacionada diretamente a investimento de recursos, mas principalmente a alterações de hábitos ou implantação de novos sistemas. O desmame dos bezerros em até 60 dias, a implantação de sistema de piquetes de lotação rotacionada são exemplos disso. Outras mudanças requerem investimentos como a associação de pasto e complemento alimentar, e o melhoramento genético.
“A Prefeitura irá disponibilizar técnicos para o acompanhamento dos produtores e eles terão uma Programação Mínima de Compromisso a cumprir. Assim esperamos o melhoramento da pastagem, melhoramento do manejo, e na parte mais cara do investimento que é o melhoramento genético o Município irá entrar com a aquisição que faremos de touros para a produção de um rebanho meio sangue que seja produtivo e resistente ao nosso clima”, concluiu Júlio César.
Assessoria de Comunicação Prefeitura de Tangará da Serra
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Marcos Figueiro
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