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~Biocombustíveis e as plantas oleaginosas



Eng. Agrônomo, Mestre em Agronomia Astor Henrique Nied astornied@unemat.br
Professor do Curso de Agronomia da UNEMAT de Tangará da Serra

Os biocombustíveis constituem uma realidade na matriz energética brasileira. O álcool combustível é o exemplo consolidado num mercado que exige, entre outras características, grandes quantidades de produção, regularidade, qualidade no produto comercializado e preços compatíveis com os derivados do petróleo. Ao passo que o biodiesel enfrenta uma série de desafios para se afirmar como um substituto do diesel mineral.

O Brasil investiu muitos recursos e tempo para concretizar o álcool na matriz energética. Para o biodiesel deverá um processo semelhante. Contudo, apesar das inúmeras matérias primas passíveis de serem utilizadas, existem particularidades que justificam elevados investimentos no setor e que demandam respostas no médio prazo, especialmente para o Mato Grosso.

Dentre os benefícios ambientais, econômicos e sociais, deve-se destacar a integração que a cadeia produtiva do biodiesel proporcionará com a da produção de carnes, de produtos lácteos, de óleos para o consumo humano, entre outros. Caso o óleo produzido tenha a qualidade pode ser comercializado para o consumo humano, do contrário, poderá ser destinado ao biodiesel. A mesma lógica aplica-se aos subprodutos, como é caso da torta ou farelo, que pode ser destinado tanto para a alimentação animal como para a adubação de plantas e produção de lenha ecológica.

A tecnologia de produção do biodiesel na área industrial já é bastante conhecida e apresenta menor impacto no custo final do biocombustível. Porém, o custo da matéria prima representa a maior parte do custo final para o consumidor, muitas vezes inviabilizando sua utilização. Nesse aspecto, apesar de pesquisarem o biodiesel de segunda e terceira geração, a tecnologia de cultivo das plantas oleaginosas e a espécie eleita constituem-se pontos chaves para o sucesso do programa brasileiro.

Os investimentos na pesquisa na área da produção da matéria prima são indispensáveis e decisivos, tanto na qualificação dos pesquisadores e técnicos como para a tecnologia de produção das culturas. Especialmente para o Estado de Mato Grosso que tem condições ímpares nesta área. O perfil dos produtores, dos agricultores, dos técnicos e dos pesquisadores são ingredientes fundamentais para o êxito das ações.


Dentre as culturas com potencial para o biodiesel tem-se as anuais e as perenes. Dentre as culturas anuais destacam-se a soja, o girassol, o algodão, o amendoim e a mamona, espécies muito pesquisadas. Nesta categoria, a pesquisa deve estudar o potencial de espécies novas, a exemplo da canola que pode ser cultivada em altitudes de 600 m, utiliza o mesmo parque de máquinas da soja, implantada na safrinha, sua família é distinta das tradicionais e seu óleo e subprodutos apresentam alto valor comercial. A canola apresenta genótipos que produziram mais de 2 toneladas por hectare em Goiás, Paraíba e Mato Grosso do Sul, resultados publicados por pesquisadores da EMBRAPA Trigo, destacando-se Ph. D. Gilberto Omar Tomm.

As espécies perenes possuem um potencial maior de produção de óleo por unidade de área e tempo, ultrapassando de 4 toneladas de óleo por hectare ano, além disso, são menos suceptíveis às disponibilidades hídricas. No entanto, a pesquisa tem uma tarefa de desenvolver tecnologias voltadas a seu cultivo e identificar genótipos, dentro de cada espécie, que são mais produtivos. Neste grupo temos inúmeras espécies, como o pinhão manso, o dendê, o pequi, a macaúba, a andiroba e o tucuma.


Com apoio financeiro da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso-FAPEMAT, vinculada a SECITEC-MT, a UNEMAT vem desenvolvendo pesquisas com a cultura do pinhão manso em Tangará da Serra. Dentre os primeiros resultados, numa área experimental de 1,6 ha e em repetições de 500 m², podem ser citados que a produtividade do primeiro para o segundo ano de cultivo passou de 44 para 460 kg por hectare, respectivamente, na densidade de 2000 plantas por hectare, aumentando em dez vezes sua produção. Vale ressaltar que maturidade produtiva da cultura ocorre a partir do quarto ano de cultivo, em que a literatura cita mais de quatro toneladas. O teor de óleo nas sementes situou-se, em média, de 34,4% em relação ao seu peso seco. A produtividade da cultura, apesar de ser rústica, apresenta forte sensibilidade à adubação.

Para o desenvimento do setor é fundamental o investimento na pesquisa. Apostar no cultivo comercial de uma cultura sem antes conhecer o potencial gerado pela pela pesquisa pode sair bem mais oneroso. Existem muitas espécies promissoras nas perenes, no entanto, as respostas que pesquisa pode fornecer ocorrem num prazo maior que nas anuais, porém, os ganhos obtidos são proporcionalmente maiores.

Esse assunto é vasto e merece uma atenção especial, pois é estratégico para a inserção do Brasil no contexto mundial num mercado consumidor muito expressivo, como é o dos combustíveis. O espaço criado pela revista é fundamental para discutir o tema na profundidade que deva ser. Espera-se que hajam mais artigos publicados posteriormente que discutam este cenário.

Ladeia critica veto à expansão do cultivo da cana em MT



O prefeito de Tangará da Serra, Júlio César Ladeia (PR), criticou nesta sexta (11) a decisão do presidente Lula (PT) de lançar em 17 de setembro o projeto que veta a expansão do cultivo da cana-de-açúcar na bacia do Alto Paraguai, no entorno do Pantanal mato-grossense. “Precisamos entender o que significa isso, o que está acontecendo em Brasília, pois não podemos pagar por um crime que não cometemos. Tangará da Serra tem 52% de sua área como reserva indígena e quase 30% de área preservada. Então não podemos ser penalizados”, defendeu.

A proposta de zoneamento da cana, que ainda será apreciada no Congresso Nacional, proíbe a concessão de licenciamento para novas áreas de cultivo, bem como a autorização de novas usinas pelo Ministério da Agricultura. Lula quer cumprir o compromisso assumido com a União Européia, em 2007, de que o biocombustível brasileiro não vai aumentar o desmatamento nem provocará queda na produção de alimento.

Na avaliação de Ladeia, Tangará da Serra terá prejuízo com a ausência dos investimentos previstos para a construção de duas usinas. Ele explica que os produtores investiram pesado nos projetos. O vice-presidente da Famato, Normando Corral, também defende o setor sucroalcooleiro.

Segundo ele, a aprovação da proposta de Lula vai engessar 80% da maior região produtora de cana do Estado. “Ao contrário de outros Estados que aumentaram a produção, segundo cálculos da Conab, Mato Grosso teve redução de 4%. Isso é fruto das restrições impostas quase que exclusivamente ao produtor mato-grossense, que se encontra sem incentivos e ainda com vários empecilhos para produzir”, afirma.

De acordo com Corral, o anúncio oficial do zoneamento vai comprometer a liberação de recursos para o setor. “A sociedade mato-grossense, não só do setor produtivo, tem que se mobilizar para que isso não aconteça, pois temos a melhor linha de produção de etanol do Brasil”, disse.

No entorno do Pantanal mato-grossense, funcionam cinco usinas: Cooperb, em Lambari D´Oeste; Cooperb II, em Mirassol D´Oeste; Itamarati, em Nova Olímpia; e Mato Grosso Barrálcool, em Barra do Bugres. Elas foram instaladas até o início dos anos 1980, antes de uma resolução do Conama vetar novos empreendimentos na região. A bacia dispõe de 56 mil km2 aptos ao cultivo da cana, apesar de abrigar também as nascentes dos rios que deságuam no Pantanal. Do território sul-mato-grossense há uma usina na abrangência da bacia do Alto Paraguai. Trata-se da Sonora Estância, em Sonora.

Pela proposta de Lula, elas continuarão em funcionamento, mas novos empreendimentos estão vetados. Apesar disso, a proposta do presidente também deve provocar nova reação dos ambientalistas. Comandados pelo ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, eles alegam que o cultivo da cana na área onde funcionam as cinco usinas pode contaminar o Pantanal.
RETIRADO DO BLOG XEQUE MATE
http://xequematenews.blogspot.com
 

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